mas minha mente ecoa somente as ruins:
“eu não te devo nada.”
“você não é minha responsabilidade.”
“me deixa viver.”
Como poderia me lembrar que estamos melhorando
se eu ainda estou preso na mesma cova?
Quando tudo que me rodeia de você
— TikTok, beijos, encontros, músicas de verão —
é essa sensação de perder o chinelo favorito por conta da chuva.
E eu engulo seco o nome dela na garganta,
como se fosse pecado lembrar que ela existe agora.
Eu te amei como quem protege um bairro inteiro da chuva.
E hoje, nem passo mais naquela rua,
porque Cornelia Street virou cena de crime.
E o sangue é meu.
E o diabo sorriu bonito
enquanto você dançava com outra
no inferno que chamam de festa.
Não quero que você sinta culpa.
Nem eu quero viver na culpa que me dei.
Mas porra, ainda dói.
E se parece com amor, então foda-se, ainda é amor.
Mesmo que ninguém queira enterrar o corpo dos nossos cinco anos.
No final,
não é sobre quem é o vilão —
é sobre quem ainda não aprendeu a fechar a cova
mesmo com o incêndio já consumindo tudo:
as fotos, as memórias, as lembranças.
E eu, desesperado, tentando carregar tudo nos braços
pra me curar.
Mas se curar do quê,
se você nem está errada?
Talvez eu só esteja preso
no amor que não teve funeral.