quinta-feira, 3 de abril de 2025

Mentiras de um coração com saudade.

Tentando imaginar como seria se não houvesse nós dois.
Mas há. Sempre houve. Mesmo quando tento apagar.
E mesmo chovendo lá fora, eu sei que o céu é azul.
Sei da mesma forma que sei que não há como não ter existido nós dois.
Sei como se sabe de cor um nome que já não se pode dizer.

E a chuva desce como um véu, denso, úmido, pesado.
E quem foi que disse que é fácil?
Se deixei meu peito em casa, casa que não tenho mais,
casa que nunca foi feita de paredes,
mas de mãos, de pele, de olhos que agora são outros.

Deixei você sair antes de ir embora
e agora já não há mais lar algum.
Será que peguei uma passagem de trem apenas de ida?
Sozinho, gritando que este não era meu caminho,
meu caminho é para casa, mas que casa?

Coração errante que bate em falso
dizendo que ainda há uma chance.
"Corra, você consegue. Ela é sua, sempre foi sua."
Mentiroso. Mentiroso. Mentiroso.
Se é tão minha, cadê a porra do sol no meu dia de chuva?

O sol se esconde por me amar,
por não conseguir me amar.
Eu preciso de respostas.
Eu preciso que essa chuva passe.
Preciso do meu coração de volta.
Preciso parar de ouvir o eco que restou de você em mim.
Mas a chuva continua.
E o sol, se ainda existe, não me responde.

Minha casa tinha calor de mãos,
cheiro de pele depois da chuva,
olhos que seguravam os meus para que eu não me perdesse.
Agora as mãos são frias,
a pele é distância,
os olhos desviam.
E ainda assim, meu peito insiste:
"Corra, volte, ela está lá, sempre esteve."
Mentiroso. Mentiroso. Mentiroso.

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