Lembro de cada tom de ti me cantando Amor Perfeito,
de como tudo brilhava ao seu redor naquele dia.
Tua pele cheirosa e quente que grudou na minha,
cheiro que ainda dorme no meu travesseiro,
um fantasma de ontem que minhas mãos não alcançam mais.
Guardei tua voz em um canto da mente,
e ela toca quando menos espero,
como um vinil riscado,
saltando entre as mesmas palavras repetidas,
voltando sempre ao mesmo suspiro arranhado,
um eco incansável de tudo que já fomos e somos.
O quarto todo estremece num toque frio,
cheio de poeira, marcado por dedos e ausência,
como fotos antigas esquecidas no fundo da gaveta.
Minha coleção de memórias nossas,
empilhadas como discos velhos.
Um som abafado, rouco, mas cheio de alma,
me preenche, me esvazia, me derrete—
em você.
Cada faixa dessa lembrança toca um pedaço de mim,
e me vejo preso no mesmo acorde, no mesmo refrão,
como se o tempo se recusasse a girar na vitrola da vida.
Tento seguir, mas a agulha do vinil insiste no mesmo começo:
Teu nome, teu nome, teu nome.
Rodando, riscando, ecoando.
E no fim, só o chiado da saudade.
 
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