quinta-feira, 24 de julho de 2025

Verão Italiano.

O barulho do sino da vila ao longe,
o azulejo frio sob os pés descalços,
na tarde quente em um verão na Itália.

Com teu olhar refletido no lago,
verde e profundo, tentando decifrar,
se era desejo ou apenas sonho,
o cheiro de alecrim queimando no almoço,
o banho, o ônibus, a risada, a música aleatória,
que não precisou durar pra ser verdadeiro.

As palavras em italiano que eu nem sei dizer,
mas que você sussurrava como quem sabe demais.
Quantas vezes eu me calei pra não confessar...
Guardei como um segredo sujo e pesado, 
porque sentir era pecado, mas negar era culpa silenciosa.

Sua pele suada, pelejando, pulsando, plena, 
que grudava na minha,
e brilhava com a luz dourada.
Céus, como brilhava....
Eu olhava e queria. Depois olhava e mentia.
Era quase impossível, quase como neve pela manhã
e refresco no fim da tarde.
Beijos, carinhos, que arde...
Que a gente fingia não querer,
mas os olhos contaram assim que te vi.

Dividimos bicicletas, livros, artes —
mas eu guardei um a mais, só meu:
Seu nome.

Quando vi,
ficou apenas o cheiro do teu cabelo e do teu suor.
Da cama vazia, o verão grudado no cobertor,
o vazio que me deixou parecendo um pecador.

Até hoje escuto tua voz num rádio que nem tá ligado,
misturada com as músicas em italiano que ouvimos,
e me vejo ali, de novo, do teu lado,
como se você realmente fosse ficar.

Você se foi,
mas o cheiro de pêssego ainda mora aqui.
E às vezes, quando o vento bate,
eu quase te sinto sorrir —

porque sei que você se lembra.

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