Sente e desfaz.
como quem dobra a roupa suja
que fede a mentira
e enfia no fundo do armário,
achando que o cheiro não vai subir.
Sente e foge.
como quem acende outro cigarro
pra não ouvir o grito da consciência,
e se afoga na fumaça
porque não tem coragem de encarar o espelho.
Sente e trai.
como quem goza rápido demais
e depois diz que “não foi nada”,
mas foi tudo —
foi a última facada,
foi a última gota.
e eu?
eu sinto e fico,
sinto e engulo,
sinto e quase explodo —
mas não morro mais,
ou pelo menos digo isso pra mim mesmo
até se tornar verdade.
você voltou só pra terminar de destruir, né?
pra garantir que não sobrasse um canto meu sem tua sujeira,
pra me ver rastejando,
de novo, voltando pra você.
mas acabou.
não quero mais entender tuas contradições,
teus discursos de amor com gosto de álcool e gozo de outro.
vai embora com tua liberdade,
com tua “verdade” reinventada a cada porre.
leva tuas promessas, tuas lágrimas de crocodilo, tua cara lavada de quem diz “eu estou sendo muito babaca né?” mas se sente mal por não ter feito que querida
roxo como o vinho que tu bebe, pra esconder o quanto é cruel.
e eu não quero mais ficar olhando pra porra dessa garrafa vazia.
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