quarta-feira, 7 de maio de 2025

Se você me visse agora.

Se você me visse agora, talvez não reconhecesse o que restou de mim depois de tudo.
Não porque eu mudei completamente, mas porque as partes que sobraram estão tentando aprender a viver sem você.

Eu olho pra trás e não entendo como alguém que me magoou tanto ainda consegue me tocar com um beijo, um olhar, um pedido pra dormir junto. Como se nada tivesse acontecido.
Como se fosse só isso: dormir. Mas não é. Porque quem sente sou eu. Quem pensa, sou eu.
E quando você vira as costas ou solta aquelas palavras que queimam, quem junta os cacos também sou eu.

Escutei da sua boca que eu não falava sobre sentimentos com você
Mas eu escrevia. Eu escrevia como quem sangra, como quem tenta costurar o eco que você deixou com palavras que queimam no peito.
Eu escrevia pra te explicar o que até eu tinha dificuldade de entender, o que eu sequer sabia que iria acontecer.

Eu escrevia pra te mostrar onde doía, e por quê.
E você… chorou.
Você chorou, e por um segundo eu pensei:
“Ela entendeu.”
Mas entendeu porra nenhuma, né?

Me diz: o que você enxerga quando me olha? Porque eu enxergo um abismo entre o que a gente foi e o que a gente virou. Esqueceu do verso, esqueceu do choro, esqueceu de mim. Vejo um furacão com sorriso de sol. Mas sol que queima. Que seca tudo. Que não deixa florescer.
Eu queria que você me amasse como você parece amar nas horas calmas.

Quando deita no meu peito, quando sorri olhando pro Murillo, quando esquece do mundo.
Mas esse amor, se existe, vem sempre com veneno, vem sempre com jogos. E eu tô exausto de me provar, de ser forte, de carregar até o que não é meu.
No fundo, você pode continuar aí, achando que tá tudo bem, vivendo sem peso.
Mas eu? Eu sou quem sente. Quem não esquece. Quem carrega.
E hoje, por mais que ainda doa, eu tô tentando soltar. Porque, porra, eu mereço mais do que isso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Verão Italiano.

O barulho do sino da vila ao longe, o azulejo frio sob os pés descalços, na tarde quente em um verão na Itália. Com teu olhar refletido n...